CAMILA FREITAS VILELA SCOPEL

Por Kelly Cristina Silva Prado Atualizada em 04/05/23 16:03
AUTOR: CAMILA FREITAS VILELA SCOPEL
TÍTULO: TOXICIDADE DO BISFENOL-A DURANTE O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO DE ZEBRAFISH
ORIENTADOR:  Prof. Dr. Wagner Gouvêa Dos Santos, Co-orientador: Prof.ª. Dra. Mônica R. F. Machado
DATA DE APROVAÇÃO: 10/07/2019

 

Resumo:

O bisfenol A (BPA) é um difenol utilizado na produção de policarbonato, um polímero comumente encontrado em plásticos e resinas. A presença de BPA em materiais plásticos tem sido uma grande preocupação nos últimos anos, não só devido a contaminação ambiental, mas também devido ao seu risco para a saúde pública em relação ao seu potencial mutagênico e carcinogênico. Neste estudo foi avaliado a toxicidade do bisfenol A e determinada a concentração letal de 50% (LC 50%) utilizando embriões de peixe-zebra (Danio rerio) como modelo animal. O BPA foi preparado em uma faixa de concentração variando de 1 a 100 μM, diluídos em água reconstituída a 0,5% de dimetilsulfóxido (DMSO). Controles negativos incluíram embriões expostos a água reconstituída suplementada com 0,5% de DMSO, e como controle positivo, embriões expostos ao composto camptotecina (CPT), um conhecido inibidor da proliferação celular, diluído em água reconstituída contendo 0,5% DMSO, na concentração de 0,001 μM. Os experimentos foram realizados em triplicata, de acordo com as especificações da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Um embrião / poço (25 embriões por grupo) foi distribuído em microplacas de 96 poços na presença ou ausência do composto. As placas foram mantidas em incubadoras BOD com temperatura controlada de 28,5 ºC e com fotoperíodo de 14h claro: 10h escuro. Após 24h, 48h, 72h e 96h, os embriões foram avaliados de acordo com os seguintes parâmetros: mortalidade, coagulação, taxa de batimento cardíaco, taxa de eclosão e presença de anormalidades morfológicas e fotografias foram obtidas por fotomicroscopia. Morte celular por apoptose foi avaliada pelo ensaio de DNA ladder. O DNA foi extraído pelo método fenol: clorofórmio e analisado por eletroforese em gel de agarose a 1% e bandas correspondentes a fragmentos de DNA foram visualizadas após coloração com brometo de etídio em transiluminador. A LC50 determinada para o BPA em diferentes tempos de exposição foi de 69,94 μM em 24 horas, 72,22 μM em 48 horas, 46,63 μM em 72 horas e 31,38 μM em 96 horas. Com base em nossos resultados, podemos concluir que o composto BPA tem efeito tóxico direto sobre o desenvolvimento embrionário de zebrafish, levando a alterações morfofisiológicas, alterando a motilidade, taxa de eclosão e diminuição da taxa de batimentos cardíacos. Os resultados sugerem que o BPA atua de maneira dependente do tempo de exposição e da concentração. De acordo com nossos resultados, não podemos confirmar que a apoptose é uma via importante no mecanismo de morte dos embriões, mas demonstramos claramente que o BPA interfere na formação de vários órgãos e tecidos ao longo do desenvolvimento do embrião, causando diversos danos que podem levar à morte. Em conclusão, este estudo mostrou que o BPA induz anormalidades marcantes de malformação em embriões de peixe-zebra nas concentrações testadas, demonstrando sua toxicidade e potencial impacto ambiental. Isto sugere a necessidade de uma melhor avaliação da migração do BPA do empacotamento dos plásticos para o alimento e a água usados pelos seres humanos.

 

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