Allana Souza Pereira
Resumo:
O uso de plantas com possível bioatividade para tratamento ou cura de enfermidades metabólicas e infecciosas é datado desde a Antiguidade de modo que a cultura do uso de produtos naturais a fim de tratar doenças e/ou sintomas perpetuou dentre gerações até os dias atuais. Embora o uso de produtos naturais tenha sido substituído pelo uso de substâncias sintéticas, a cultura popular disseminou-se e o uso de plantas em forma de garrafadas ou chás está presente na atualidade principalmente dentre a população com menor acesso aos recursos terapêuticos. Dentre as plantas utilizadas no Brasil, destaca-se o uso do látex da planta Synadenium umbellatum pelas possíveis atividades antitumoral, antiinflamatória, antimicrobiana, antiviral e antiparasitária. Atualmente, há poucos estudos sobre este espécime, e apenas as partes aéreas são utilizadas como objeto de estudo, porém o uso popular é realizado com o látex exsudado do caule da planta. Esta pesquisa analisou por métodos cromatográficos a composição do látex da planta S. umbellatum, fracionando-o em frações Acetato de Etila, Etanólica, Clorofórmica e Hexânica e avaliando a possível atividade antiparasitária das frações em promastígotas e amastígotas de Leishmania amazonensis, bem como sua interferência na liberação de NO por macrófagos infectados in vitro. O látex foi liofilizado para estabilização e secagem, evitando degradações enzimáticas e oxidação, e fracionado. A frações Acetato de Etila e Etanólica foram analisadas pela Cromatografia Líquida de Alta Eficiência, enquanto as frações Clorofórmica e Hexânica foram analisadas por Cromatografia Gasosa Acoplada à Espectrometria de Massas. As análises cromatográficas foram analisadas por softwares e comparadas à bibliografia disponível e demonstraram perfis inéditos das quatro frações, sugerindo a presença de compostos inéditos. A análise de atividade leishmanicida em 48h revelou a capacidade de as quatro frações agirem de maneira tóxica nas concentrações de 250; 125; 62,5; 31,25; 15,62; e 7,81μg/mL, onde destacou-se a atividade leishmanicida da fração Acetato de Etila. Na análise de atividade leishmanicida sobre amastígotas, apenas a fração Acetato de Etila demonstrou atividade leishmanicida nas concentrações de 250 e 125μg/mL, sugerindo que as frações Etanólica, Clorofórmica e Hexânica não são capazes de adentrar aos macrófagos. A atividade da fração Acetato de Etila é independente da liberação de NO, sugerindo que seja dependente de mecanismos de liberação de ROS. Conclui-se que a atividade antiparasitária creditada ao látex da planta S.umbellatum seja de compostos inéditos presentes na fração Acetato de Etila.
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