HÉLIO RANES DE MENEZES FILHO

Por Coordenação de Pós-graduação PRPG/JATAÍ Atualizada em 05/05/23 14:28
AUTOR: HÉLIO RANES DE MENEZES FILHO
TÍTULO: PERFIL CLÍNICO-EPIDEMIOLÓGICO DA HANTAVIROSE NO ESTADO DE GOIÁS NO PERÍODO DE 2007 - 2013
ORIENTADOR:  Prof. Dr. Marcos Lázaro Moreli.
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: NOVOS MATERIAIS E METODOLOGIAS APLICADAS À SAÚDE
LINHA DE PESQUISA: MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DE DOENÇAS
DATA DE APROVAÇÃO: 16/01/2015

 

Resumo:

Introdução: as hantaviroses são zoonoses virais agudas, causadas por vírus da família Bunyaviridae, gênero Hantavirus, tendo os roedores como reservatórios. É considerada uma doença emergente em várias regiões do mundo. Podem apresentar duas formas clínicas: a Febre Hemorrágica com Síndrome Renal – FHSR, conhecida desde 1930 e endêmica na Europa e Ásia e a Síndrome Cardiopulmonar por Hantavírus – SCPH, descrita pela primeira vez nos EUA em 1993, que associa choque cardiogênico e acometimento vascular que acompanham a pneumopatia grave, e que é restrita às Américas. Apesar de a doença ser registrada em todas as regiões brasileiras, o Sul, o Sudeste e o Centro-Oeste concentram maior percentual de casos confirmados. São poucos os estudos feitos no Brasil em regiões do bioma cerrado e mais escassos ainda estudos direcionados a compreender como se comporta o agravo nos municípios goianos. Objetivo: Descrever os aspectos clínicos e epidemiológicos dos pacientes com diagnóstico de hantavirose no Estado de Goiás no período de 2007 a 2013. Material e Métodos: Foi realizado um estudo epidemiológico descritivo com dados do Estado de Goiás, no período de 2007 a 2013, obtidos da ficha de investigação de hantavirose constante do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN- NET). Os dados analisados foram sócio-demográficos, clínicos e epidemiológicos, além da taxa de letalidade. Todos os dados foram analisados no conjunto do período de sete anos e também qual o comportamento da doença em cada ano. Resultados: foram notificados 1171 casos suspeitos de hantavirose no Estado de Goiás, e confirmados 73 casos (6,2%), sendo a média de 10,4 casos confirmados por ano. A idade média dos casos confirmados da doença foi 35,4 anos ( 13,2 anos), com a mínima de 12 anos e máxima de 71 anos (Mediana 33,5 anos); e maior frequência entre o sexo masculino, com 68,5% dos casos (p<0,05). Com relação à escolaridade, a maior frequência foi de casos com ensino fundamental ou médio. A raça parda (auto referida) teve maior frequência, seguida da raça branca. A taxa de letalidade total no período foi de 57,5%. Não houve associação entre a frequência de casos confirmados da doença e a sazonalidade do clima da região. Do total de 73 casos confirmados, 93,2% (68) foram hospitalizados e entre os primeiros, 82,2% (60) com diagnóstico de forma clínica SCPH. A quase totalidade dos casos teve confirmação diagnóstica por meio laboratorial. Em relação aos sinais e sintomas clínicos a febre foi o mais frequente, estando presente em 95,9% dos casos, seguida por dispneia (86,3%) e tosse seca (71,2%). Discussão: houve maior concentração de casos na região centro sul do Estado, destacando-se Anápolis e Jataí como os municípios com maior frequência da doença, depois da capital. A região sudoeste do Estado caracteriza-se por produção econômica voltada para a agricultura e pecuária, com avanços na produção de grãos e exploração do solo, colocando o homem em contato frequente com roedores, possibilitando a transmissão da doença. A frequência da hantavirose encontrada neste estudo foi inferior a outros estudos realizados em regiões do Bioma Cerrado. A taxa de letalidade foi superior a de outras regiões do país. O quadro clínico apresenta características similares para a doença. Conclusão: a hantavirose é uma infecção emergente no Estado de Goiás, apresentando frequência com tendência à elevação e com altas taxas de letalidade. O número de casos notificados tem aumentado, mas sem refletir no aumento do número de casos confirmados. A quase totalidade dos casos confirmados é hospitalizada e o quadro clínico identificado é semelhante ao relatado para a forma clínica mais frequente, que foi a SCPH.

 

 

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