MICHELLE JAYME BORGES
Resumo:
O Acidente Vascular Cerebral (AVC) continua sendo uma das grandes preocupações da atualidade. É uma doença intimamente relacionada ao declínio da capacidade funcional e qualidade de vida, e o quadro clínico é variado, apresentando como uma das sequelas, hemiparesia ou hemiplegia espástica. A toxina botulínica tipo A, age através do bloqueio da transmissão neuromuscular via inibição da liberação de acetilcolina e é um tratamento bem estabelecido para espasticidade pós-AVC. Na literatura não há resultados unificados, para o uso da Toxina Botulínica Tipo A com formulações, como BOTOX/DYSPORT/XEOMIN, o que justifica a reunião de resultados de estudos já produzidos, com vista à construção de conhecimento atualizado, pela heterogenicidade dos estudos quanto à aplicabilidade da toxina. Através de uma revisão sistemática da literatura seguida de metanálise, objetivou-se apresentar evidências a partir de ensaios clínicos sobre os efeitos da Toxina Botulínica Tipo A (BOTOX/DYSPORT/XEOMIN) na espasticidade de membros superiores e inferiores e sua influência na funcionalidade em pacientes sequelados de AVC. Trata-se de pesquisa documental, em três etapas: títulos, resumos e texto completo, para a qual foi realizada busca em bases de dados eletrônicos, nos idiomas em inglês, espanhol e português, utlizando a Escala Modificada de Ashworth e Disability Assessment Scale (DAS), restringindo dados dos últimos 10 anos. Os artigos elegíveis preeencheram critérios de inclusão e exclusão. Sendo assim, inclui-se 18 estudos, com um total de 2573 pacientes (Submetidos à toxina: n= 2112; Não submetido à toxina, n= 460). A qualidade dos estudos foi avaliada por meio da Escala de Newcastle-Ottawa. Analisou-se a existência de viés de publiação pelo funnel plot. Os dados de interesse foram extraídos e direcionados a uma tabela para o cálculo da razão de frequência e odds ratio dos resultados. Para a execução da meta-análise foi utlizado o software STATA IC/64 versão 16.1. A estimativa global da freqüência do efeito da toxina botulínica tipo A na espasticidade foi de 93% (IC a 95%: 0,90 a 0,95; p= 0,00) e da funcionalidade resultou em 64% (IC a 95%: 0,40 a 0,89; p=0,00) para o domínio vestir; com 69% (IC a 95%: 0,42 a 0,96; p=0,00) para higiene; 69% (IC a 95%: 0,46 a 0,92; p=0,00) para posição do membro superior e a maior 79% (IC a 95%: 0,68 a 0,90; p=0,06) relacionado a dor. As conclusões mostraram alta heterogenicidade entre os estudos, provável viés de publicação pelo funnel plot (t=2; IC 95%=0,4-8; p=0,05) e os resultados sugerem associação positiva entre o efeito a toxina botulínica tipo A na espasticidade em MMSS e MMII pós- AVC, destacando a formulação Dysport, seguida de Botox e por fim Xeomin, além da melhora na funcionalidade com ênfase no domínio dor, depois higiene e posicionamento do membro superior.
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